Pre-Order Here the Whole Time by Vitor Martins!
Pre-Order Book
by Vitor Martins
In 2016 I was unemployed, binge watching Grey’s Anatomy and living through a really dark phase of my life. Then I decided to write a book to make me forget about everything else. A book with a very self conscious gay kid who, just like me, needed to know that he was loved. That’s when Here the Whole Time started to exist. The book was published in Brazil the following year and is hitting the US bookstores on November 10th this year.
I may sound chill when I talk about it, but I literally had no chill at all for the past sixteen months, since I discovered that Scholastic has bought the rights and decided to translate my book. Seriously. No chill. Still feels like a dream.
In Here the Whole Time we follow Felipe, a fat gay teen, in self discovery journey during his mid year school break. As the story goes, Felipe learns to share his fears with a lot of different people. His mom, his new friends, his therapist, his dead grandma and his cute neighbour and life long crush. This book saved me.
It was because of it that I decided to come out to my mom. I couldn’t share such a personal story with the world before talking to her. It was a hard process. To this day, it still is. But she told me through tears, that I was not sharing any kind of breaking news. She probably had it all figured out when I was a kid running all over the house with a towel around my waist while singing Belle’s first song from Beauty and the Beast.
It was because of this book that my mom decided to meet my boyfriend during my first ever book signing event. And that was the highest queer bookish joy I could ever feel. Because I was surrounded by people who love and celebrate queer stories. Because it happened on the weekend of São Paulo’s Pride and there were rainbow flags all over the bookstore. Because my mom bought me a Pride Frappuccino from Starbucks and the taste was horrible and gross, but I couldn’t care less. Because after a long process of accepting myself and letting other people see me as I truly am, I was finally crying tears of joy for a change. It was like a movie scene, and to this day I still can’t believe that all that happened in just one regular Saturday.
As a writer I have the privilege to meet and talk to young readers, hear their funny stories on how they can relate with the awkward situations I put my characters into, and also their sad stories on how hard life has been for them. I had the privilege to keep these stories with me, as an extended part of my work, as a proof that, in some way, my characters went into their lives in a very remarkable moment. They talk from a place of love and I hear from a place of gratitude. And I can’t put into words how much this means to me.
But before I became an YA writer, I was an YA reader. Reading and sharing about my favorite queer books brought so many friends into my life, people that I share my journey with until this day, and have their names in the acknowledgements of my books. When we talk about YA literature, we are talking about sharing experiences and letting your vulnerabilities show and feeling each other’s pain and celebrating each other’s victories. This is what being part of something bigger than us feels like. A community that creates a safe space where you are valid, your story matters and people just get you. We could never achieve this without books.
Because queer books are brave. When other media types like films or TV shows are still in their baby steps, here we are with our queer YA books discussing gender identities, domestic violence, all types of families, queer History and, how dare us, queer people falling in love and living their well deserved happy endings. Queer books gave us a platform to make our voices heard, and to project the silenced voices that are still screaming in the background this whole time. We have to raise them up.
And now I feel like we are heading to new times, where language barriers won’t matter anymore. Where a Brazilian queer story will get to other countries and show all of our differences and similarities, bringing our sense of community to a whole new level.
When the YA Pride team asked me to write a guest post on queer bookish joy, that was the first word that came to my mind. Community. It was so good to feel like I belonged, like I had a chance to share a little bit more about my book with a new audience from a country I’ve never been before. But Felipe is on his way. And I bet he’s gonna love it.
—

—
Em 2016 eu estava desempregado, maratonando Grey’s Anatomy e passando por um momento bem sombrio na minha vida. Foi quando decidi escrever um livro que me fizesse esquecer tudo de ruim que estava acontecendo. Um livro sobre um garoto gay muito complexado que, assim como eu, precisava descobrir que era digno de ser amado. Foi assim que Quinze dias começou a existir. O livro foi publicado no Brasil no ano seguinte, e está chegando nas livrarias dos Estados Unidos dia 10 de Novembro de 2020.
Pode parecer que estou de boa quando falo sobre isso, mas literalmente não me lembro da última vez que fiquei relaxado nos últimos dezesseis meses, desde que descobri que a Scholastic havia comprado os direitos de tradução do meu livro. Sério. É impossível ficar de boa. Ainda parece que estou sonhando.
Em Quinze dias nós acompanhamos Felipe, um adolescente gay e gordo, em uma jornada de autoconhecimento durante suas férias de julho. No decorrer da história, Felipe aprende a compartilhar seus medos com várias pessoas diferentes. Sua mãe, seus novos amigos, sua terapeuta, sua avó morta e seu vizinho bonitinho, pelo qual ele sempre foi apaixonado. Esse livro salvou a minha vida.
Foi por causa dele que decidi me assumir para a minha mãe. Eu não poderia compartilhar com o mundo uma história tão pessoal antes de falar com ela. Foi um processo difícil. Até hoje ainda é meio complicado. Mas naquele dia, enquanto chorava, ela me disse que eu não estava contando nenhuma novidade. Ela provavelmente já sabia desde quando eu era criança, correndo pela casa com uma toalha enrolada na cintura enquanto cantava a música de abertura de A Bela e a Fera.
Foi por causa deste livro que minha mãe decidiu conhecer meu namorado, na minha primeira sessão de autógrafos. Naquela tarde me senti mais feliz do que nunca em toda a minha vida. Porque eu estava cercado de pessoas que amavam e celebravam histórias queer. Porque ela aconteceu no final de semana da Parada do Orgulho em São Paulo e a livraria estava cheia de bandeiras de arco-íris. Porque minha mãe comprou pra mim um Frapuccino do Orgulho na Starbucks, e o gosto era horrível e nojento mas eu não estava nem aí. Porque depois de um longo processo para me aceitar e deixar que as outras pessoas me enxergassem como eu sou de verdade, eu estava finalmente chorando de alegria dessa vez. Parecia uma cena de filme, e até hoje eu ainda não consigo acreditar que tudo aconteceu em um sábado como outro qualquer.
Como escritor, tenho o privilégio de conhecer e conversar com jovens leitores, ouvir suas histórias engraçadas sobre como eles se identificam com as situações constrangedoras vividas pelos meus personagens, e também as histórias tristes, sobre como a vida tem sido difícil para eles. Tenho o privilégio de guardar essas histórias comigo, como se fossem uma parte estendida do meu trabalho, como prova de que, de alguma forma, meus personagens apareceram em suas vidas em um momento importante. Eles compartilham com amor e eu recebo com gratidão. E não consigo explicar em palavras como isso é importante para mim.
Mas bem antes de eu me tornar um escritor de livros para jovens, eu era um leitor desses livros. Ler e compartilhar meus livros queer favoritos fez com que eu conhecesse tantos amigos especiais. Pessoas com as quais eu compartilho minha vida até hoje, e guardo seus nomes nas páginas de agradecimentos dos meus livros. Quando falamos sobre literatura jovem, estamos falando sobre compartilhar experiências pessoais e mostrar nossos medos, sobre sentir a dor do outro e celebrar suas vitórias. Sinto como se eu fizesse parte de algo muito maior do que eu. Uma comunidade que criou um ambiente seguro onde você é válido, sua história importa e as pessoas simplesmente te entendem. Nós nunca teríamos conquistado esse espaço se não fosse através dos livros.
Porque livros queer são corajosos. Enquanto outras formas de mídia como filmes ou séries de TV ainda estão dando passos de formiga, cá estamos nós com nossos livros que falam sobre identidade de gênero, violência doméstica, todos os tipos de família, a História do movimento queer e, vejam só, pessoas queer se apaixonando e vivendo seu tão merecido final feliz. A literatura queer nos deu um espaço onde nossas vozes são ouvidas, e nós podemos ampliar outras vozes que por muito tempo foram silenciadas mas nunca pararam de gritar. Temos que levantar essas vozes.
E agora sinto que estamos caminhando para um novo momento, onde barreiras de idiomas não vão mais importar. Onde uma história queer brasileira vai chegar em outros países para mostrar nossas diferenças e semelhanças, levando esse senso de comunidade a um novo nível.
Quando a equipe do YA Pride me convidou para escrever um texto sobre felicidade dentro da literatura queer, essa foi a primeira palavra que me veio à mente. Comunidade. Foi tão bom sentir que eu fazia parte de algo, que agora eu tenho a chance de compartilhar um pouquinho sobre o meu livro com um público totalmente novo, leitores de um país onde eu nunca estive antes. Mas Felipe está a caminho. E eu tenho certeza de que ele vai adorar.
—
Meu nome é Vitor Martins e eu sou o autor de Quinze dias, Um milhão de finais felizes e outras histórias. Meus livros geralmente são sobre adolescentes LGBT+ descobrindo o mundo e se apaixonando, e isso pode acontecer em um apartamento pequeno, uma cafeteria espacial ou em um navio pirata.
Sou formado em jornalismo pela Universidade Cândido Mendes de Nova Friburgo – RJ (a cidade onde eu nasci e vivi a maior parte da minha vida), e atualmente moro em São Paulo com meu namorado e meus dois gatos, Clarêncio e Sonic.